Trata-se do primeiro museu criado em Portugal, por vontade do rei D. Pedro IV. Tendo sido fundado em 1833 sob a égide do liberalismo. Destinou-se a recolher os bens confiscados aos conventos abandonados do Porto e aos extintos de fora do Porto (mosteiros de S. Martinho de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra). O saque decorreu durante a guerra civil que opôs absolutistas e liberais, chefiados pelo regente D. Pedro, duque de Bragança. O objectivo que presidiu à sua fundação foi o de preservar o património artístico oriundo das ordens religiosas cuja extinção se prefigurava. Em 1839 o acervo do Museu transitou para a direcção da Academia Portuense de Belas-Artes, o que levou a um fortalecimento da relação entre o museu e o ensino artístico no século XIX. O contributo da galeria de S. Lázaro consistia na organização das exposições trienais que tiveram como resultado a reunião de pintura e escultura do Porto oitocentista. Esta colecção forma uma das partes mais consistentes do acervo documentando o retrato, a cena de costumes e a paisagem de influência naturalista. No âmbito das reformas institucionais da República em 1911, com uma política museológica descentralizada e tendente à especialização, inscreve-se a criação do Museu Soares dos Reis, evocativo do primeiro pensionista do Estado em escultura pela Academia Portuense de Belas Artes: António Soares dos Reis, o célebre autor do Desterrado.
Com o Estado Novo valoriza-se a conservação do património e acentua-se o papel do museu como lugar de memória de toda uma nação que se quer forte e coesa. É neste sentido que em 1932 o museu centenário adquire o estatuto de Museu Nacional, o que lhe vai proporcionar a independência face à tutela académica e a expansão patrimonial.
O museu passou a ocupar, em 1940, o Palácio dos Carrancas, edifício do século XVIII que servia de residência à família real aquando das suas deslocações ao Norte do país. O edifício neoclássico foi adaptado a novas tendências museográficas de iluminação zenital (laminar) e dotado de condições de preservação nas galerias de arte, com recurso a critérios de exibição de ambientes no andar nobre, evocativos de estilos ou épocas.
As colecções integram escultura dos sécs. XIX e XX (com obras de Soares dos Reis, Teixeira Lopes, Diogo de Macedo, entre outros), pintura da Escola Portuguesa dos séculos XVI a XIX (Vasco Fernandes, Frei Carlos, Josefa de Óbidos, Domingos Vieira, Silva Porto, Dórdio Gomes, etc.) e pintura das Escolas Holandesa e Francesa. Nas artes decorativas destaca-se a colecção de cerâmica, do século XVII ao século XX, peças de ourivesaria de carácter religioso e civil, joalharia, têxteis do séc. XVII, vidros europeus dos séculos XVIII e XIX e mobiliário de origem europeia e oriental, dos séculos XVII e XVIII. Mais recentemente, o Museu Nacional de Soares dos Reis foi objecto de uma profunda remodelação e ampliação, segundo projecto do arquitecto Fernando Távora, tendo reaberto as suas portas em Julho de 2001.
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